O Instituto Afroamérica Bahia, parceiro da AEPET-BA, participará da 46ª Marcha da Consciência Negra Zumbi-Dandara dos Palmares, que tomará as ruas do Centro de Salvador na próxima quinta-feira, 20 de novembro, reunindo movimentos sociais, entidades e lideranças do movimento negro. O ato, organizado pela Coalizão Marcha da Consciência Negra e pela Coordenação de Entidades Negras (CONEN), reafirma a luta histórica contra o racismo estrutural e por políticas públicas que assegurem igualdade racial, reparação histórica e garantia de direitos.
A edição deste ano presta homenagem aos 90 anos de Lélia Gonzalez (1935–1994) e ao centenário de Frantz Fanon (1925–1961), pensadores fundamentais do movimento antirracista e anticolonial no Brasil e no mundo. A caminhada também reafirma a centralidade da identidade, do território e da resistência do povo negro diante de um país que continua discriminando populações negras e indígenas.
Violência letal expõe a face mais cruel do racismo no Brasil
A Marcha deste ano ocorre em um contexto de extrema gravidade. Somente neste mês, uma operação policial no Rio de Janeiro deixou 132 mortos, aprofundando denúncias de uso excessivo da força e violações de direitos — especialmente contra moradores de territórios periféricos.
Os números refletem uma realidade alarmante, como demonstram dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Atlas da Violência 2024, elaborado pelo Ipea e pelo FBSP. Segundo o Atlas, ser uma pessoa negra no Brasil significa enfrentar um risco 2,7 vezes maior de ser vítima de homicídio em comparação com pessoas não negras (Fonte: Agência Brasil; Atlas da Violência/Ipea e FBSP).
Apesar de uma redução geral dos homicídios no país entre 2013 e 2023, a desigualdade racial não diminuiu — pelo contrário, se intensificou. Enquanto a taxa de homicídios entre pessoas não negras caiu 32,1% no período, entre pessoas negras a redução foi de apenas 21,5%, mantendo um abismo estrutural:
- 35.213 pessoas negras foram vítimas de homicídio em 2023, taxa de 28,9 por 100 mil habitantes;
- 9,9 mil pessoas não negras foram assassinadas, com taxa de 10,6 por 100 mil habitantes;
- 75% das vítimas de violência letal no Brasil são negras;
- Policiais negros, que representam 37% do efetivo, somam 51,7% dos agentes assassinados;
- Mulheres negras seguem morrendo mais e sofrendo mais violência e assédio que mulheres brancas.
Os dados comprovam que a violência no Brasil tem cor, idade e território: ela se concentra, sobretudo, sobre a população preta, pobre e periférica.
AEPET-BA reforça solidariedade e compromisso com a luta antirracista
A presença do Instituto Afroamérica na Marcha é uma ação fundamental para fortalecer a luta por democracia, contra o genocídio da população negra e pela construção de políticas efetivas de proteção à vida, valorização da cultura e respeito às identidades negras.
A AEPET-BA reafirma sua solidariedade às vítimas da violência racial e seu compromisso em apoiar iniciativas que promovam justiça, inclusão e combate ao racismo estrutural — dentro e fora do movimento petroleiro.
