Compartilhe

 

Após tomar posse como presidenta da Petrobrás, a engenheira Magda Chambriard afirmou estar de acordo com a política de preços “abrasileirada” adotada pela empresa. Em coletiva de imprensa, no dia 27/05, ela avaliou que a estatal deve cumprir seu papel para que seja preservada a estabilidade do mercado interno. Isso significa que a companhia continuará com maiores intervalos de reajustes nos produtos.

“Recentemente, tivemos um cenário com preços de gasolina, de diesel e dos derivados em geral elevadíssimos. O presidente Lula, em sua campanha eleitoral, prometeu abrasileirar os preços. E como isso foi feito? Ora, é justo eu cobrar de um produto que eu não importo o mesmo preço de um produto do mercado internacional que paga preço de frete, de seguro, de risco de importação, de ganho de importador? Tudo isso está presente em uma grande formulação que abrasileirou o preço dos combustíveis”, afirmou Magda.

A atual política de preços dos combustíveis da Petrobrás foi adotada, no país, em maio de 2023 e representou o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI), que vinha sendo adotado há seis anos. Desde 2016, os preços praticados eram atrelados diretamente ao mercado internacional, tendo como referência o preço do barril de petróleo tipo brent, que é calculado em dólar.

No governo Temer, a variação dos preços dos combustíveis chegou a ser diária, gerando distribuição de dividendos recordes aos acionistas da empresa.

Entre 2016 e 2022, durante a vigência do PPI, os preços da gasolina e do diesel aumentaram 9,3% e 13,1%, respectivamente.

No atual modelo, a Petrobrás não deixa de levar em conta o mercado internacional, mas incorpora referências do mercado interno.

Estudo do assessor econômico da AEPET-BA e economista do Ibeps, Eric Gil, confirma que com o fim do PPI efetivamente houve um barateamento dos preços dos combustíveis se comparado aos preços internacionais, com a gasolina 6,1% abaixo da referência internacional, o diesel S10 6,9% inferior e o GLP 10% mais barato.

Mas, para ele é difícil sustentar que houve de fato um “abrasileiramento” nos preços dos produtos. A mudança, no entanto, não foi o suficiente para mudanças radicais nos preços finais e sentidos pela população. “As margens de distribuição e revenda de todos estes combustíveis subiram drasticamente nos três anos, com subidas superiores aos 70%. E parte disto ocorreu por conta da privatização da BR e da Liquigás. Ou seja, o preço do combustível na refinaria caiu, mas parte da queda foi embolsado como novas receitas por distribuidoras e postos de combustíveis”, afirmou Eric

Leia mais: Um ano sem PPI: o que mudou?

Comparação com Refinarias Privadas

Já o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Cálculos (Ineep), em estudo, mostrou que, comparados às refinarias privatizadas, como RLAM (BA) e Ream (AM), os preços praticados pelas unidades de refino da Petrobrás foram menores: uma média de 7,0% no caso da gasolina e 6,8% no caso do diesel.

“Esses dados revelam que a política de desinvestimentos adotada pela companhia não contribuiu para a redução dos preços, tampouco para a ampliação da concorrência e atração de mais investimentos no setor. De fato, foram criados monopólios privados distantes das necessidades nacionais e desses mercados regionais”, disse o diretor do Ineep.

A Petrobrás é uma estatal com função social e o seu maior acionista é o povo brasileiro. Por isso, garantir preços justos é garantir vida digna à população e uma Petrobrás para os brasileiros.

 


Compartilhe