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O maior vaporduto do mundo, que se estende por 30 quilômetros no Rio Grande do Norte, está completamente parado desde o dia 30 de junho após a empresa 3R Petroleum rescindir o contrato para compra de vapor, que era anteriormente fornecido pela Petrobrás. A decisão tomada pela 3R impactou não apenas a produção de energia da Termelétrica Vale do Açu, em Alto do Rodrigues, mas também a injeção de vapor superaquecido nos campos de produção de Alto do Rodrigues, Carnaubais e Assu, com o objetivo de aumentar a produção de petróleo.

O ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, é CEO da 3R Petroleum.

O vaporduto é uma estrutura essencial que permitia a recuperação adicional de petróleo nos campos de produção. Antes de ser desativado, o sistema produzia em média 240 toneladas de vapor por hora. A Termelétrica Vale do Açu, originalmente construída para a geração de energia elétrica, também desempenhava o papel de produzir vapor através das caldeiras, impulsionadas pelo funcionamento das turbinas de energia em um sistema de cogeração. Sem o vapor sendo injetado nos reservatórios de petróleo, a produção de energia fica inviabilizada, gerando preocupações sobre o risco energético na região.

O Coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindpetro-RN), Ivis Corsino, alerta para as consequências da rescisão do contrato: “A produção de vapor ocorre em razão das caldeiras que só funcionam se as turbinas funcionam (energia). É uma cogeração. O vapor por sua vez é injetado nos reservatórios de petróleo e permite uma recuperação (produção) maior do que se não houvesse vapor. A interrupção do vapor pode inviabilizar economicamente a produção de energia. Uma evidência flagrante da má concepção da venda dos campos em dissociada da térmica.”

Além do impacto na produção de energia, a suspensão do fornecimento de vapor também afeta outras atividades econômicas na região. A Termelétrica do Açu agora precisa participar de leilões de energia e fechar novos contratos de fornecimento. A escassez de gás no estado também é um problema, uma vez que o gás utilizado na termelétrica provém do terminal de regaseificação do Pecém, no Ceará. O déficit de gás já afeta a planta de gás de Guamaré, também pertencente à 3R Petroleum.

De acordo com Ivis Corsino, a paralisação do vaporduto também representa um prejuízo significativo para a 3R Petroleum: “Estamos falando de uma produção associada ao vapor de aproximadamente 5 mil barris. Como muitos poços estavam paralisados com a gestão anterior da Petrobrás, a 3R está abrindo esses poços e compensando a produção associada ao vapor, mas em um horizonte muito curto a curva de produção vai declinar bastante.”

O vaporduto foi construído em 2010 pela Petrobrás, representando um investimento de 200 milhões de dólares, cerca de 1 bilhão de reais, e permitiu revitalizar campos de petróleo que já haviam atingido o pico de exploração e estavam entrando em declínio. A usina Termelétrica Vale do Açu, ponto de partida do vaporduto, possui uma potência instalada de 310,1 MW e entrou em operação comercial em setembro de 2008. A unidade tem capacidade diária de consumo de 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural e opera com duas turbinas a gás, com uma potência aproximada de 155 MW cada, além de produzir 610 toneladas por hora de vapor para os campos de petróleo da região.

A aquisição das 27 plataformas de águas rasas, dos 20 campos produtores de petróleo em terra e da refinaria Clara Camarão pela empresa 3R Petroleum foi concluída em 9 de junho de 2022. A decisão de rescindir o contrato para compra de vapor com a Petrobrás, tomada pela 3R, levanta questionamentos sobre os impactos energéticos e econômicos da interrupção do funcionamento do maior vaporduto do mundo no Rio Grande do Norte.

(Com informações da Agência Saiba Mais)


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