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Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revelou preocupantes disparidades no mercado de trabalho brasileiro, destacando as dificuldades enfrentadas pela população negra. Os resultados, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC-IBGE) referente ao 2º trimestre de 2023, apontam para uma realidade de desigualdade persistente.

Entre os achados mais alarmantes está a representação significativamente inferior da população negra no mercado de trabalho. Enquanto os negros compõem aproximadamente 34% da população brasileira, sua participação no mercado de trabalho é consideravelmente menor. Esse desequilíbrio reflete a necessidade urgente de políticas e práticas que promovam a inclusão e a equidade.

Outro aspecto destacado pelo estudo é a predominância das mulheres negras em ocupações precárias, sendo que uma em cada seis (16%) está envolvida no trabalho doméstico. Esse dado revela não apenas a vulnerabilidade econômica dessa parcela da população, mas também ressalta a persistência de estruturas discriminatórias que limitam as oportunidades profissionais.

A disparidade salarial entre negros e não negros é uma questão central identificada pela pesquisa. Em média, os negros ganham 39,2% a menos do que seus colegas não negros. Essa discrepância salarial é observada em todas as posições ocupacionais, evidenciando um sistema que perpetua a desigualdade econômica com base na raça.

O rendimento médio dos negros em todas as posições analisadas também é consistentemente inferior à média da população, sublinhando a necessidade de ações afirmativas e políticas que abordem diretamente as barreiras que impedem a igualdade de oportunidades.

 

A inserção da população negra no mercado de trabalho

 

O Departamento também divulgou dados sobre a inserção da população negra no mercado de trabalho. Os infográficos revelam a realidade do país, como um todo, e de suas regiões de forma isolada.

Para o Nordeste, os dados do segundo trimestre de 2023, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, revelam que a POPULAÇÃO NEGRA correspondia a 56,1% da população brasileira. MULHERES NEGRAS HOMENS NEGRO eram maioria entre trabalhadores informais e subutilizados.

Leia os estudos do Dieese:

Boletim: As dificuldades da população negra no mercado de trabalho

Infográfico: Brasil e regiões 2023: a inserção da população negra no mercado de trabalho

 

AEPET-BA: não basta ser contra o racismo, é preciso ser antirracista

 

As desigualdades raciais decorrem não apenas dos séculos de escravização, mas de um racismo estrutural institucionalizado, patrocinado pelo Estado brasileiro com objetivos de embranquecer o país por meio da importação de mão de obra branca europeia e colocação dos ex-escravizados na marginalização. Os indicadores educacionais e do mercado de trabalho servem como causa, consequência e justificativa para manutenção da política de extermínio da população negra.

Para a AEPET-BA, o racismo traz como vítima primeira a população negra condenada a uma vida de miséria e exclusão, mas tais condições levam toda a sociedade a uma guerra permanente, onde, não importando se são inocentes ou não, os negros e negras são sempre vistos com desconfiança.

E toda a sociedade é prejudicada pelo medo da violência, pelos entraves econômicos, pela perda de talentos para a economia e pela perda de mão de obra jovem que poderia atenuar o rápido declínio etário, mas é perdida pela morte, pelo crime e pela má formação escolar.

A luta contra o racismo é de toda a sociedade. As chagas da escravização marcaram o desenvolvimento econômico, social e civilizatório, que exige de todas as pessoas uma posição antirracista.


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