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A Petrobrás cedeu minimamente na questão do teletrabalho, postergando a adesão ao termo para o final de maio, mas manteve o impasse sobre a PLR, o efetivo, a Petros e outras reivindicações essenciais.

A diretoria da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) se reuniu com o setor de Recursos Humanos da Petrobrás no dia 2 de abril, às 15h, para discutir o regime de teletrabalho. O encontro ocorreu sob forte pressão da categoria, que desde janeiro denuncia o autoritarismo da gestão da companhia.

A reunião, realizada no Edifício Senado (Edisen), sede da Petrobrás no Rio de Janeiro, se estendeu até o início da noite, mas trouxe avanços limitados e frustrou expectativas em relação a pautas fundamentais.

Pressão da categoria e greve nacional

O encontro aconteceu em meio a um cenário de forte mobilização, que teve seu ponto alto na greve nacional unificada do dia 26 de março. Convocada pela FNP e pela FUP, a paralisação reuniu milhares de trabalhadores do setor administrativo e operacional em atos e piquetes por todo o país.

Petroleiros e petroleiras da Bahia aderiram à greve. A concentração principal ocorreu na sede administrativa, Torre Pituba, em Salvador. A AEPET-BA participou ativamente do movimento.

Saiba mais aqui: Petroleiros e petroleiras da Bahia fortalecem greve nacional

Embora o teletrabalho tenha sido um dos temas centrais das discussões, as reivindicações da categoria vão muito além. Entre elas, destacam-se a urgente recomposição do efetivo da Petrobrás, o aumento da segurança nas operações, o fim dos PEDs na Petros, o pagamento integral da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – sem o corte de 31% –, e melhores condições para os trabalhadores terceirizados.

Teletrabalho: recuo parcial, mas sem garantias concretas

Durante a reunião, a Petrobrás anunciou que postergará a exigência da assinatura do termo de adesão ao teletrabalho até o dia 30 de maio. Apesar de representar uma vitória parcial, a medida foi considerada insuficiente pela FNP, que segue cobrando que os dois dias presenciais sejam regulamentados no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

A Federação criticou duramente a insistência da empresa em manter o termo de adesão ativo, classificando essa postura como falta de boa-fé negocial. Além disso, reiterou a necessidade de debater outros aspectos do regime de trabalho remoto, conforme prevê o ACT firmado em 2023.

Diversas questões levantadas pela categoria, desde a regulamentação do controle de jornada até condições estruturais para o home office, seguem ignoradas pela Petrobrás, que ainda não demonstrou disposição para tratar do tema de forma abrangente.

Demais reivindicações seguem sem resposta

Se a discussão sobre o teletrabalho avançou minimamente, o mesmo não pode ser dito das demais pautas. A diretoria da FNP expressou repetidas vezes sua insatisfação com a postura da Petrobrás, que segue sem apresentar respostas concretas para demandas cruciais da categoria.

Entre os principais pontos ignorados pela companhia, destacam-se:

  • O pagamento integral da PLR, sem calote;
  • A recomposição urgente do efetivo;
  • O fim dos PEDs na Petros;
  • A melhoria das condições de trabalho dos terceirizados.

A FNP exige que essas questões sejam tratadas com prioridade e que a gestão da Petrobrás demonstre real comprometimento com o diálogo.

Plano de Cargos, Carreiras e Salários: categoria apresenta proposta

Durante a reunião, a FNP entregou à Petrobrás a minuta do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), elaborada conjuntamente com a FUP. O documento é resultado do seminário realizado em março e reflete os debates acumulados ao longo do último ano.

A Federação destacou que o PCCS precisa ser tratado com urgência, pois sua implementação é essencial para garantir uma estrutura de carreira justa e transparente dentro da Petrobrás.

Mobilização continua

A mobilização da categoria foi determinante para o pequeno recuo da Petrobrás no teletrabalho, mas os desafios permanecem. A FNP orienta os trabalhadores e trabalhadoras a manterem-se atentos e mobilizados, pois a luta ainda está longe do fim.

Novas reuniões entre as federações estão previstas para as próximas semanas. Até lá, a FNP reforça a recomendação para que os empregados e empregadas do setor administrativo NÃO ASSINEM NADA antes que as negociações sejam retomadas e a empresa demonstre real disposição para dialogar de boa-fé.

A mobilização permanente da categoria será fundamental para garantir avanços concretos nas próximas rodadas de negociação.

(Com informações da FNP)


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