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Durante o período do carnaval, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, viajou para o Oriente Médio e de uma maneira pouco usual e oficiosa, utilizou-se das redes sociais anunciar parcerias com empresas petrolíferas da região. Uma das postagens, entretanto, chamou mais a atenção: Prates disse no X, antigo Twitter, que a Petrobrás e o fundo de investimentos Mubadal intensificarão os esforços em torno do acordo sobre a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, “com vistas a finalizar a nova configuração societária e operacional ainda neste primeiro semestre de 2024”.

O Globo que, historicamente, sempre foi contra a participação do Estado na pesquisa, exploração, produção e refino de petróleo no Brasil, mais uma vez afronta a construção da soberania nacional com o editorial “Reestatização de refinaria baiana é mais um retrocesso na Petrobrás”, onde afirma: “A suspensão da venda de refinarias e a recompra da Mataripe têm ampla repercussão no mercado de combustíveis. A transferência a grupos privados é essencial para aumentar a competição e oferecer preços atraentes ao consumidor, objetivo perseguido pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), de olho nas ambições monopolistas da Petrobras.”

Ora, todas as refinarias vendidas pela Petrobrás têm praticado preços acima daqueles praticados pela companhia, criando uma disparidade regional, que afeta diretamente os consumidores atendidos pelas refinarias privatizadas.

Sem desfaçatez, o editorial dá sua ”lição” do que pretende: “A Petrobrás demorou a abrir-se a contratos de exploração com as grandes petrolíferas globais. Com a abertura, mesmo tardia, na década de 1970, absorveu tecnologia, cresceu, e o Brasil se tornou exportador de petróleo. Agora, com o investimento destinado a negócios do passado como refinarias ou campos terrestres, corre o risco de chegar tarde às fontes de energia limpa.”

Mente o editorialista, uma vez que não foi a absorção de tecnologia de outras petroleiras que levou a Petrobrás ao patamar de produção atual. Foi o investimento em pesquisas e no Corpo Técnico que a empresa criou tecnologias inovadoras, repetidamente premiadas, que permitiram a exploração da Bacia de Campos e os recordes para a extração do petróleo do pré-sal, em águas ultra profundas.

A AEPET reafirma que não é benéfico para o Brasil o papel da exportador de petróleo, como está expresso no artigo do presidente da Associação, Felipe Coutinho, “Exportação de petróleo cru é recorde, Lula conduz o Brasil na rota colonial pavimentada por Temer e Bolsonaro”.

Não está claro o que se pretende com a declarada “nova configuração societária e operacional. Mas temos certeza que a retomada da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), é passo fundamental para a recomposição do papel da Petrobrás como empresa de energia integrada. Mas não deve ser o único: é preciso recuperar os outros ativos, como a BR Distribuidora e malha de gasodutos.

 

Jornalismo AEPET


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