Saga privatista da gestão Castello Branco continua ameaçando mais ativos da empresa
O presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, comunicou ao mercado a reabertura do processo de venda da participação na Petrobras Gás S.A. (Gaspetro) e colocou à venda quatro usinas termelétricas, sendo três localizadas em Camaçari-BA (UTEs Polo Camaçari) movidas a óleo combustível, e uma bicombustível (óleo diesel ou gás natural) localizada em Canoas-RS (UTE Canoas). Foi anunciada, ainda, a retirada da participação da estatal na plataforma do Campo de Manati, na Bacia de Camamu, em Cairu (BA), em que a empresa detém 35% de participação.
Para justificar esses negócios, a empresa vem usando o mesmo argumento: “a operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhora de alocação do capital da companhia, visando à maximização de valor para os seus acionistas”. Neste momento de grave crise sanitária e econômica, provocada pela pandemia do coronavírus (COVID-19) e a queda do preço do petróleo, a atual gestão da Petrobrás prioriza ampliar valor aos acionistas, desmontando a empresa.
É importante lembrar que sendo empresa pública, a Petrobrás gera empregos e renda, respondendo por 13% do PIB nacional. Mesmo com os ataques, nos últimos anos, a Petrobrás se agigantou. Em 2002, valia 15,5 bilhões de dólares e em maio de 2014, valia seis vezes mais: 104,9 bilhões de dólares. Esse resultado deve-se em parte à dedicação dos petroleiros que, neste momento, são coagidos e humilhados pela direção da empresa.
E foi na crise que Castello Branco enxergou oportunidade para acelerar o projeto de privatização da Petrobrás, colocando à venda a maior parte dos ativos. Se continuar agindo dessa forma conseguirá seus objetivos. Os estados do Norte e Nordeste são os mais atingidos com as estratégias do portfólio de desinvestimentos que sofrem constantes ajustes para atrair investidores nacionais e internacionais. Os teasers (anúncios ao mercado) divulgados pela empresa para atrair esses compradores oferecem oportunidades de negócios altamente rentáveis, mesmo em período de crise.
Suspensão da hibernação dos campos terrestres da UO
No dia 19/05, o diretor de Exploração e Produção da Petrobrás (E&P), Carlos Alberto Pereira de Oliveira, mais conhecido como Capo, comunicou, através de videoconferência, que a companhia voltou atrás e suspendeu a hibernação dos seus campos terrestres de petróleo nos estados da Bahia, de Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e norte do Espírito Santo.
A informação é que até o fim do ano a Petrobrás não fará novas hibernações e nem as que já estavam previstas. Mas não voltará atrás nas hibernações que já foram implementadas, todas em plataformas marítimas de água rasa. A informação é do Sindipetro-BA.
Só na Bahia, a UO-BA processa cerca de 32 mil barris de petróleo e gás natural por dia, um negócio de mais de R$ 2 bilhões por ano. Com a redução da atividade, a produção deverá cair para 20 mil barris.
Trabalham nas Unidades de Operação (UO) cerca de 5 mil trabalhadores, 900 diretos e 4 mil terceirizados.
Gaspetro: maior rede distribuidora de gás natural (à venda)
Matéria divulgada pelo jornal Valor Econômico, no dia 21, informa que o juiz Pedro Rogério Castro Godinho, da 8ª Vara da Fazenda Pública de Salvador (BA), concedeu liminar solicitada pelo Estado da Bahia contra o processo de venda de 51% da Petrobras na Gaspetro, empresa que reúne a participação da petroleira em distribuidoras de gás natural do país. Os 49% restantes são de propriedade da Mitsui Gás e Energia do Brasil.
Na Bahia, a Gaspetro tem participação societária com a companhia de gás Bahiagás. Na ação, o Estado da Bahia argumenta que a Petrobrás não comunicou sobre o modelo de negócio e informações de governança da Bahiagás. O juiz, então, acatou parcialmente o pedido de liminar do Estado da Bahia e exigiu que Petrobras e Gaspetro exibam, dentro do processo judicial, informações pertinentes sobre a venda do ativo.
Em 2019, o volume total de gás distribuído foi de 29 milhões de metros cúbicos por dia, atendendo cerca de 500 mil clientes por meio de uma rede de distribuição de mais de 10 mil quilômetros de gasodutos.
Usinas termelétricas garantem energia para a sociedade e a indústria (à venda)
As UTEs Polo Camaçari são ativos de titularidade da Petrobras e englobam as usinas Arembepe, Bahia 1 e Muricy, com potência total instalada de 329 MW. As usinas operam com óleo combustível e têm possibilidade de conversão para operação a gás natural.
A UTE Canoas é um ativo de titularidade da Petrobras e possui potência instalada de 249 MW. A usina é bicombustível (gás natural e óleo diesel), possuindo, portanto, potencial ganho operacional com a expansão esperada da malha de gasodutos e/ou novos terminais de regaseificação.
Insistimos na necessidade de barrar este projeto entreguista do governo Bolsonaro que, alinhado com a gestão Castello Branco, coloca em risco a autonomia na área energética do país. Convocamos à sociedade para se unir aos trabalhadores petroleiros e defender a Petrobrás como uma empresa estatal de energia integrada do poço ao poste para que o Brasil consiga enfrentar a crise pós-pandemia.

