A Petrobrás anunciou a assinatura de um contrato com a Unigel, visando a industrialização por encomenda (tolling) para a produção de fertilizantes nas fábricas de Sergipe e da Bahia. Essa parceria surge como uma solução para mais de 700 postos de trabalho que estavam em risco desde a paralisação das unidades, mas preocupa os petroleiros.
Na terça-feira, 9 de janeiro, entidades representativas da categoria enviaram um documento à Diretoria Executiva de Processos Industriais e Produtos da Petrobrás, cobrando acesso ao termo de contrato de tolling, com o objetivo de obter informações concretas acerca dos termos negociados com a Unigel, e a implantação de uma Comissão de Negociação para discutir o setor de fertilizantes, com criação de Grupos de Trabalho Paritários sobre a reabertura da FAFEN Paraná e a retomada das FAFENs Bahia e Sergipe.
A categoria se mostra preocupada com o novo acordo e argumenta que a Unigel já deu provas suficientes de que não tem capacidade de gestão das fábricas, além de ter feito uma série de manobras para obter benefícios financeiros da Petrobrás.
O acordo de industrialização por encomenda, tolling, seria uma alternativa de curto prazo para enfrentar desafios de rentabilidade nas fábricas de fertilizantes nitrogenados arrendadas para a Unigel. Após intensas pressões e negociações diretas com a Petrobrás, a empresa privada, que havia colocado centenas de funcionários em aviso prévio em novembro, alegando inviabilidade operacional devido ao custo do gás, recuou em sua decisão.
Para o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, núcleo Bahia (AEPET-BA), Marcos André, o atual modelo do acordo mantém a privatização das Fafens e lembra que durante a campanha eleitoral Lula defendeu a retomada do patrimônio público. “É necessário retomar as unidades vendidas ou arrendadas da Petrobrás, entendemos que manter esse modelo frusta a sociedade e a categoria petroleira. Há dissonância entre a atual gestão da Petrobrás e a proposta do governo Lula, assim como discordamos com as nomeações de gerentes bolsonaristas para ocupar altos cargos na Companhia. Ou seja, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, dá continuidade à privatização da empresa com outros formatos”, denúncia Marcos.
Isso porque a Prates ressaltou a importância estratégica da produção de fertilizantes, não apenas para garantir o suprimento nacional, mas também para se alinhar às iniciativas de transição energética. O acordo com a Unigel inclui planos para estudos voltados à produção de projetos de baixo carbono, como a amônia verde.
Apesar da eficácia do acordo em preservar empregos e garantir o funcionamento das unidades, a AEPET-BA reitera sua defesa pela dissolução do contrato de arrendamento e a retomada da operação das Fábricas de Fertilizantes (FAFENs) pela Petrobrás. A volta das fábricas para a estatal assegura empregos e renda para a sociedade, além de fornecer insumos básicos para a agricultura, especialmente os pequenos produtores.
Enquanto a parceria entre Petrobrás e Unigel garante a continuidade das operações e a preservação de empregos, a AEPET-BA persiste em sua defesa pela autonomia operacional da Petrobrás nas FAFENs, buscando assegurar não apenas a estabilidade econômica, mas também a soberania energética do país.
