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O mundo ainda não se recuperou do impacto da pandemia de Covid-19 na saúde emocional e o Brasil é um dos países mais afetados, de acordo com um relatório do Global Mind Project, que divulga dados anuais sobre o bem-estar no planeta. O projeto busca mapear a situação, entender as tendências e propor medidas de prevenção.

O documento foi elaborado a partir de enquetes feitas com 420 mil pessoas, em 71 países e em 13 idiomas, e usou um quociente de saúde mental que avalia capacidades cognitivas e emocionais, incluindo a habilidade de lidar com o estresse e de funcionar de forma produtiva. Segundo os autores, o índice não é um sinônimo de felicidade ou satisfação, já que a pessoa pode passar por momentos difíceis ou tristes e, ainda assim, ter condições de lidar bem com eles.

A pontuação média de todos os países mostra que o bem-estar mental permaneceu nos mesmos níveis da pandemia, sem mudanças nos índices de 2021 e 2022. República Dominicana, Sri Lanka e Tanzânia têm as melhores pontuações. Já o Brasil, ao lado da África do Sul e do Reino Unido, ocupa a última posição. De todos os entrevistados, 38% se sentem “melhorando” e 27% estão “angustiados” e “se debatendo”. No Brasil, a proporção dos angustiados é maior (34%). Jovens com menos de 35 anos são os mais afetados.

“O Brasil foi afetado de forma significativa, com altas taxas de infecção, mortalidade e abalo econômico. O impacto prolongado da pandemia pode ter contribuído para o quadro de estresse crônico e ansiedade, comprometendo a saúde mental da população”, avalia o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o estudo, a persistência dos baixos índices de saúde mental pode indicar que as novas dinâmicas trazidas pela pandemia, como trabalho remoto, hiperconectividade e mudanças no estilo de vida, podem estar dificultando o retorno aos níveis anteriores de bem-estar emocional.

 

Os petroleiros são parte desses números

A situação dos petroleiros está englobada nessa estatística. Conforme mostrou uma pesquisa divulgada em 2023 pela Associação dos Engenheiros da Petrobrás, núcleo Bahia (AEPET-BA). O levantamento, realizado entre 29 de março e 11 de abril com 816 empregados da Petrobrás deslocados de suas cidades de origem para outros estados, revelou que 75,8% dos trabalhadores estão com a saúde mental bastante impactada, e 32,5% relataram impacto na saúde física.

A pesquisa destacou que 10,6% dos trabalhadores estão abalados devido ao longo período longe da família. Além disso, 37,6% dos empregados estão no regime de “bate-volta”, deslocando-se semanalmente da cidade de origem para a unidade de trabalho. Questionados sobre a necessidade de voltar para sua cidade de origem, 50,8% dos petroleiros responderam que precisam retornar imediatamente por estarem separados da família, 16,2% citaram questões sociais, e 12,5% mencionaram razões de saúde.

A persistência de desafios à saúde mental dos trabalhadores da Petrobrás reflete um cenário mais amplo de dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros no período pós-pandêmico. É importante que empresas e autoridades públicas reconheçam a gravidade do problema e implementem medidas de suporte adequadas para promover o bem-estar emocional da população.

Clique aqui para acessar a os dados completos da pesquisa realizada pela AEPET-BA


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