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A saúde mental está em colapso no mundo e também no Brasil. Dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social revelam que, em 2024, transtornos psicológicos afastaram um trabalhador por minuto, somando mais de 440 mil casos ao longo do ano – o maior número já registrado. A alta em relação a 2023 foi de 67%, confirmando uma escalada preocupante do adoecimento psíquico.

Entre os principais motivos de afastamento estão transtornos de ansiedade (141 mil casos), episódios depressivos (113 mil) e transtorno depressivo recorrente (52 mil). Em uma década, os afastamentos por ansiedade cresceram mais de 400%. O número de licenças por depressão praticamente dobrou desde 2014.

Especialistas alertam que o problema não pode ser tratado de forma reducionista. Segundo a psicóloga Elisa Massa, é necessário levar em conta recortes de gênero, raça e renda, além das condições concretas de trabalho: “não apenas o ofício, mas a forma como ele é exercido e a falta de acesso a políticas de cuidado têm um efeito direto no adoecimento psíquico”.

Normas de proteção ainda caminham devagar

Uma das iniciativas mais esperadas é a atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), que cria o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), substituto do antigo PPRA. O objetivo é prevenir acidentes e doenças ocupacionais de forma contínua, mas sua entrada em vigor já foi adiada diversas vezes devido à resistência de setores produtivos. O prazo agora é maio de 2026.

Enquanto isso, milhões de trabalhadores seguem expostos a ambientes de pressão, metas abusivas e falta de suporte adequado.

O caso Petrobrás: avanços e limites

Na Petrobrás, algumas iniciativas têm sido implementadas, como campanhas de conscientização, o programa Mente em Foco, do Pacto Global da ONU, e o Programa de Saúde Mental, que desde 2012 atua em três frentes: ambiental, coletiva e individual.

Em 2024, a companhia lançou o projeto Jornada Escuta Sentinela, que funciona 24 horas, para identificar casos de sofrimento psíquico e oferecer acompanhamento multidisciplinar.

Também houve avanços no diálogo com sindicatos por meio do GT de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) e Saúde Mental, que aprovou a possibilidade de teletrabalho integral para empregados com necessidades específicas.

Apesar dessas medidas, os relatos de pressão excessiva de gestores e lideranças continuam a impactar petroleiros e petroleiras, provocando sofrimento mental e afastamentos. Isso evidencia que, embora importantes, as ações ainda são insuficientes diante da gravidade do problema.

Mais investimento, menos adoecimento

A realidade é clara: a saúde mental dos trabalhadores precisa de mais investimentos e mudanças estruturais, tanto no Brasil quanto na Petrobrás. A prevenção não pode ficar apenas em campanhas ou atendimentos emergenciais; é necessário transformar ambientes de trabalho, combater a precarização e fortalecer políticas permanentes de cuidado e proteção.

A AEPET-BA reafirma que a defesa da Petrobrás passa também pela defesa da saúde integral de seus trabalhadores e trabalhadoras. Sem condições dignas e humanas de trabalho, não há produtividade, nem futuro sustentável para a empresa e para o país.

 


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