Compartilhe

É importante pensar nas políticas relacionadas à saúde mental para se contrapor ao tabu, ao estigma que carrega o tema, principalmente, entre os trabalhadores. Esse foi um dos assuntos debatidos na Live “Os impactos da pandemia na saúde mental dos petroleiros”, promovida pela AEPET-BA, na noite de quinta-feira (16/09) pelo canal do Youtube e página do Facebook da entidade.

A Live integra a programação da AEPET-BA relacionada à campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. O evento online contou com a participação da diretora do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador/Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador (Cesat/Divast), Letícia Nobre, a médica do Trabalho (Cesat), Suerda Fortaleza, e a assistente social, Andrea Machado. A mediadora foi a diretora de Comunicação da entidade, Erika Grisi. Foram mais de duas horas de debate.

Entre os caminhos apontados pelas especialistas para enfrentar as gestões autoritárias, neste momento de pandemia, como a da Petrobrás, está a promoção da solidariedade e amizade entre os trabalhadores e a criação de redes de apoio e acolhimento. “Pensar em saúde mental não é pensar em psiquiatria, medicação, mas é procurar alternativas no lazer, educação e cultura”, acrescentou Andrea Machado.

A diretora do Cesat, Letícia Nobre, iniciou a apresentação falando das relações capital e trabalho a partir dos governos petistas, Lula e Dilma Rousseff, no Brasil. Explicou os retrocessos dos direitos dos trabalhadores depois do golpe que derrubou Dilma, quando assumiu o vice-presidente, Michel Temer (MDB) e como a situação piorou agora no governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), “e que a Petrobrás se encontra no olho do furacão, devido à descoberta do pré-sal”.  

Com a Covid-19, os efeitos na saúde mental dos trabalhadores, devido às condições de trabalho, pioraram, gerando ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, alteração do sono, medo e angústia. Em algumas categorias como bancários, profissionais de saúde e do transporte os números de suicídio aumentaram.

Letícia criticou o descaso da Petrobrás com os protocolos de saúde e segurança na pandemia, que vem provocando surtos de contaminação em plataformas e unidades por todo o país.

Na Bahia, o órgão acompanha os efeitos do programa de desinvestimentos desde 2019. Especificamente, os casos de assédio moral relatados pelos trabalhadores do Torre Pituba, em Salvador. O Cesat está desenvolvendo um estudo para avaliar os casos de saúde mental nos trabalhadores de várias categorias, inclusive da indústria de petróleo.

Responda aqui o questionário do Cesat https://forms.gle/qzScDshWGQt9ajfZ6

A médica do Trabalho, Suerda Fortaleza, apresentou resultados preliminares da pesquisa deste estudo. Os dados apresentados são preocupantes: 19% relataram o uso de bebida alcoólica nos últimos dois anos, 15% das pessoas consideram o estado de saúde ruim, 12% muito ruim. Tem mais. 71% dormem mal e 90% dos entrevistados se sentem nervosos, tensos e preocupados. E a maioria relatou, ainda, que houve aumento da carga de trabalho.

A assistente social, Andrea Machado, explicou que um estudo, em 2013, mostrou que 90% dos suicídios ocorreram em um prazo de 24 meses depois das tentativas. Ou seja, os suicidas fizeram tentativas prévias, fazendo soar o alarme. “Por isso, é importante falar sobre a saúde mental, em Lives como estas ou nas rodas de conversa”.

Os impactos da pandemia na saúde mental dos trabalhadores estão sendo considerados como a quarta onda a ser enfrentada pelos especialistas. Andrea concordou que os dados são alarmantes, esclarecendo que no último período, no seu consultório, aumentou muito a procura dos trabalhadores com sintomas de transtornos mentais: 47% relataram depressão, 40% têm ansiedade e 42% estão estressados.   

Na Live, as convidadas destacaram a importância de procurar ajuda em casos de apresentar transtornos mentais. Além da rede privada, os trabalhadores contam com uma rede pública federal, estadual e municipal, na Bahia. A rede de saúde está integrada pelo Cesat e 15 centros de referência, uma rede de Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), as equipes de saúde da família, dentre outras.

Assista a Live


Compartilhe