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“Se precisar, peça ajuda”, esse é o tema da campanha Setembro Amarelo 2023 e é o que os petroleiros têm feito há muito tempo.

O suicídio é considerado pela Organização Mundial de Saúde – OMS como o mais importante problema de saúde pública, com impactos em toda sociedade. A saúde mental é um ponto fundamental para a qualidade de vida humana, especialmente, no ambiente de trabalho.

De acordo com a última pesquisa realizada pela OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um milhão de casos.

No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Por isso, para chamar a atenção sobre a prevenção ao suicídio, desde 2015, no Brasil, se desenvolve a campanha Setembro Amarelo.

Na Petrobrás, ainda existem passos a serem dados para que a saúde dos petroleiros e petroleiras seja levada a sério e prioridades da empresa, não só pela lei que assegura um ambiente de trabalho saudável e seguro, mas pelo reconhecimento de toda importância e dedicação dos trabalhadores que são pilares desta empresa.

Um pequeno avanço aconteceu em maio deste ano, quando a nova Gerente Geral de Saúde da Petrobrás, Lilian Viterbo, informou que a estrutura da área da saúde da empresa foi desmontada na gestão dos governos anteriores, levando os trabalhadores da Petrobrás ao adoecimento com impacto na sua saúde mental e em toda sua estrutura familiar.

“Não houve apenas o desmonte da empresa com fins privatistas, mas houve também o descaso com cada vida de quem dá duro no chão de fábrica e nos prédios administrativos da Petrobrás”, afirmou o diretor de SMS da FUP, Raimundo Teles.

 

A saúde mental dos trabalhadores é prioridade da estatal?

 

No início deste mês, a Petrobrás anunciou a capacitação em saúde mental de mais seis mil gestores. “Atenção total às pessoas é uma das prioridades na estratégia da companhia”, diz a empresa. Apesar dos esforços, ainda há problemas sérios que precisam da atenção e que impactam severamente a integridade física e mental dos trabalhadores, como as transferências compulsórias.

A categoria viveu seis anos muito difíceis de ataques sistemáticos e degradação do ambiente de trabalho. Junto com isso, a política de destruição da diretoria da empresa promoveu o fechamento, arrendamento e venda das unidades da empresa, o que implicou na transparência de diversos trabalhadores para longe das suas cidades de origem, ou nos sistemas bate-voltas, com deslocamentos semanais.

As rotinas cansativas trouxeram consequências trágicas, de quadros psicológicos severos a atentados a própria vida. Só em agosto, em Salvador, foram registradas duas tentativas de suicídio. Um desses casos é de uma trabalhadora petroleira que foi transferida da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para área operacional da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Santos (SP).

Mesmo com a saúde mental abalada e fazendo acompanhamento psiquiátrico, o setor de saúde da unidade não adotou nenhuma providência para reverter a situação. Somente depois da tentativa de tirar a própria vida que a Petrobrás resolveu transferir a petroleira para seu estado de origem, a Bahia. O outro caso foi no final do mês quando outro companheiro também tentou suicídio.

Uma pesquisa realizada pela Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Núcleo Bahia, (AEPET-BA) com os empregados transferidos mostra que 75,8% dos estão com a saúde mental bastante impactada e 32,5% com a saúde física impactada. O levantamento mostra, ainda, que 10,6% estão abalados devido ao longo período longe da família.

Questionados sobre a necessidade de voltar para sua cidade de origem, os petroleiros (as) responderam: 50, 8% precisam retornar imediatamente à cidade de origem por estarem separados da família; 16,2% por questões sociais; 12,5% precisam por razões de saúde.

 

Os petroleiros precisam de ajuda

 

As transferências compulsórias não podem fazer mais vítimas. A situação dos companheiros e companheiras é grave e necessita da atenção dos novos gestores. As entidades da categoria petroleira, entre elas a AEPET-BA, já apresentaram sugestões ao presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, ao gerente do RH, Felipe Freitas, e ao diretor de refino e gás natural, William França, que amenizariam os danos causados pelas movimentações.

Algumas propostas que foram apresentadas, segundo o RH, demandam tempo para avaliação e implementação, mas não temos esse tempo. Os trabalhadores e trabalhadoras estão esgotados e adoecidos. Como solução mais imediata, foi proposta a implementação do teletrabalho integral pelo período de 90 dias, enquanto é estudada uma solução definitiva.

Os petroleiros e petroleiras merecem condições de trabalho que não desgastam a saúde mental e é dever da Petrobrás garantir a integridade física e psicológica dos seus trabalhadores. Que neste mês de setembro, durante essa campanha, que já pedido de ajuda dos petroleiros e petroleiras seja escutado, e uma solução definitiva seja tomada. A saúde dos petroleiros tem pressa.


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