Os trabalhadores receberam com apreensão a determinação da BR Distribuidora que contratou a Bradesco Saúde para administrar o plano de saúde. A migração da AMS para a seguradora privada ocorreu em plena pandemia da Covid-19, agora em novembro. De imediato, houve alterações nas tabelas do Pequeno e Grande Risco e nas mensalidades dos dependentes.
O Bradesco, que foi contratado pela Petrobrás em 2018 para realizar serviços de banco, em virtude do término do contrato com o Banco do Brasil, está ganhando espaço na administração da empresa, agora gerindo o plano de saúde na BR Distribuidora.
A venda da BR Distribuidora, há mais de um ano, foi uma grande perda financeira para a empresa e para os brasileiros. Para o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), William Nozaki, esta é mais uma decisão equivocada do governo Jair Bolsonaro e sua equipe econômica, já que a subsidiária da Petrobrás tinha mais de 7 mil trabalhadores e trabalhadoras (diretos e terceirizados) e apontou um lucro em seu último balanço de R$ 481 milhões, no primeiro trimestre de 2020. São 7.774 postos de combustíveis espalhados pelo país.
“A BR Distribuidora é responsável pela distribuição de óleo para as indústrias, gasolina e querosene para aeronaves e embarcações, locomotivas e óleo até para o agronegócio. Esta imensa cadeia de múltiplos setores poderão ser afetadas economicamente com o aumento de preços que uma empresa privada possa vir a fazer”, explica o diretor-técnico do Ineep que é contra a privatização da subsidiária.
Outro impacto da venda da BR Distribuidora poderá ser sentido diretamente nas bombas dos postos de combustíveis, já que em pequenas e médias cidades a empresa tem uma imensa rede, apesar de alguns modelos de franquias. Para o especialista em petróleo, algumas localidades menos lucrativas poderão ficar sem a rede BR e ter a venda de combustíveis centrada em pequenos postos, que poderão reajustar os preços.
Governança
Na BR Distribuidora, a maioria dos integrantes do Conselho de Administração era indicada pela Petrobras – sendo uma indicação do ministro da Economia e outra, dos funcionários. Agora, essa estrutura será modificada pelos atuais acionistas.
Na Bahia, com a venda da BR Distribuidora, centenas de trabalhadores terceirizados foram demitidos. Já os concursados sofreram forte assédio moral para pedirem demissão através do Plano de Desligamento Optativo (PDO).
Quem resolveu permanecer na empresa teve seus salários drasticamente reduzidos e viu seus direitos antigos e históricos serem retirados. Além de ter de lidar com o acúmulo de função, uma vez que a empresa passou a operar com um número reduzido de funcionários. O que aconteceu na Bahia é também a realidade da BR em outros estados. “O objetivo da empresa privada é o lucro fácil e rápido para garantir o retorno do investimento dos seus acionistas e, ao mesmo tempo, ter lucros elevados a partir de forte redução de custos feita em cima, justamente, daqueles que são os principais responsáveis pelo resultado da empresa, que são os seus trabalhadores, seja eles diretos ou terceirizados”, declarou o Sindipetro-BA depois da privatização.
Plano de Saúde
Apesar de a gestão do plano de saúde da BR Distribuidora, antes da privatização, depender de uma empresa terceirizada (Qualicorp), os trabalhadores tinham os mesmos serviços e atendimentos da AMS Petrobrás. Com a migração para uma seguradora privada – Bradesco Saúde – a situação agora tende a ser completamente diferente para esses empregados.
A migração do plano de saúde AMS é reflexo da privatização da subsidiária da Petrobrás. Nas mãos de empresas privadas, os empregados recebem salários reduzidos e têm direitos a menos.
E quando se fala em AMS, é bom lembrar que a Petrobrás quer alterar o atual modelo de gestão, passando da gestão direta, através da sua área de Recursos Humanos – RH para uma fundação, que irá impactar significativamente os cofres da empresa e aumentar os custos para seus empregados, aposentados e pensionistas.
A AMS é um benefício de assistência suplementar de saúde, de natureza assistencial, criado e instituído desde 1975, por meio do Acordo Coletivo de Trabalho – ACT pactuado entre a PETROBRAS e entidades sindicais representantes dos empregados.
Por ser um plano de autogestão, não tem fins lucrativos, o que reduz significativamente os seus custos para a empresa e para os seus beneficiários, além de ser o principal benefício da Petrobrás e suas subsidiárias.