O Grupo Vibra quer usar a marca “BR” da Petrobrás por mais tempo
Companhia já sinalizou que não pretende estender o contrato com a Vibra
A Vibra Distribuidora, que adquiriu os direitos da BR Petrobrás em 2021, quer manter o uso da marca “BR” devido à sua proximidade com o consumidor. O presidente da rede de postos afirmou que a prioridade da empresa é renovar o contrato com a Petrobrás. A estatal, por sua vez, já manifestou que não pretende estender o acordo, que se encerra em 2029.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Brasil possui 40 mil postos de combustíveis, sendo que mais de 8.300 integram a rede pertencente à BR Distribuidora, vendida pela Petrobrás em um período turbulento durante o governo Bolsonaro, assim como outros ativos da estatal, como a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, vendida por US$ 1,65 bilhão.
Pouco conhecida pelo público em geral, a marca Vibra enxerga na marca “BR” uma forma de alavancar as vendas, aproveitando a credibilidade construída ao longo dos anos pela estatal. O problema está no fato de que a empresa não informa ao consumidor que os combustíveis comercializados não são da Petrobrás, apenas a marca, o que pode configurar propaganda enganosa.
De acordo com Sandro Cimatti, CEO da CVA Solutions (subsidiária da americana CVM Inc., presente no Brasil há mais de duas décadas), em entrevista ao site Monitor Mercantil: “As pessoas querem economizar, mas precisam confiar na qualidade do combustível”. Esse é um dos motivos pelo qual a Vibra tem tanto interesse na marca “BR”.
Pesquisas internas indicam uma maior conexão do consumidor da Vibra com a marca BR, afirmou o presidente da empresa, Ernesto Pousada, durante o evento Vibra Investor Day, no dia 29 de agosto. A declaração do presidente confirma a intenção da Vibra de continuar a usar a confiança e credibilidade da marca BR, mas fazer isso sem informar corretamente os consumidores beira a má fé, podendo configurar crime.
A marca BR Distribuidora, criada há 50 anos, foi concebida como um símbolo nacionalista. Ao longo do tempo, a empresa construiu um patrimônio público significativo, controlando uma parcela expressiva do mercado de combustíveis no Brasil. A Associação dos Engenheiros da Petrobrás, núcleo Bahia (AEPET-BA) destaca que a não renovação da licença pela Petrobrás é um passo significativo que pode abrir caminho para a estatal retomar suas atividades no setor, sobretudo considerando a importância estratégica da distribuição de derivados de petróleo para a soberania nacional.
Para o presidente da AEPET-BA, Marcos André, além da não renovação da licença, é necessário punir adequadamente quem colaborou para que a empresa não seja exposta a novos aventureiros para atacar o patrimônio público, dando aparência de legal ao que causou sérios riscos econômicos e operacionais à Petrobrás.
“Não deve haver anistia para aqueles que ajudaram a destruir o patrimônio. Todas as não conformidades, crimes e malfeitos contra a destruição da Petrobrás devem ser investigados para que sejam apontadas as responsabilidades conforme a participação, tantos dos agentes políticos e econômicos, quanto dos colaboradores internos,” defendeu o Marcos.