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Em 2023, o Brasil foi o maior produtor de petróleo da América Latina e o oitavo do mundo, com uma produção de 3,4 milhões de barris por dia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, mas essa história de sucesso começa em Candeias, na Bahia, em 1941, com a descoberta do poço Candeias – 1.

Hoje privatizado, o primeiro poço comercial de petróleo do Brasil, o Candeias -1 faz 83 anos em plena atividade, hoje, 13 de dezembro. O poço, que foi um marco e deu um pontapé na exploração brasileira de petróleo, segue firme e produzindo, mas gerando lucro para a iniciativa privada e não para o povo.

Inicialmente pertencente ao Conselho Nacional do Petróleo (CNP), o poço foi um dos principais motivadores para a construção da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em 1950, e para a criação da Petrobrás, em 1953. Além disso, a exploração pioneira consolidou a Bahia como o primeiro estado produtor de petróleo do país.

Privatização e impactos econômicos

Atualmente sob controle da iniciativa privada, o poço Candeias-1 foi vendido em dezembro de 2020, junto com outros 13 campos, por US$ 250 milhões à Ouro Preto Energia Onshore, subsidiária da 3R Petroleum. Esse processo de privatização ocorreu no contexto de um desmonte de ativos estratégicos da Petrobrás durante os governos Temer e Bolsonaro, com vendas realizadas a valores contestados por especialistas.

Embora o poço siga produzindo, os lucros agora beneficiam empresas privadas, em vez de retornarem diretamente à população brasileira.

Propostas para o futuro: reconstrução e educação

A AEPET-BA defende a reestatização do poço Candeias-1 e dos demais ativos vendidos, destacando sua importância estratégica para a soberania nacional e o desenvolvimento sustentável do setor petrolífero. Como parte dessa visão, a entidade propõe transformar o poço em um museu do petróleo, sob gestão da Universidade Luso-Brasileira, em parceria com a Universidade  Federal da Bahia e o Instituto Federal da Bahia (IFBA), para a formação de profissionais na área de petróleo, gás e energia.

A proposta também sugere uma parceria com a Universidade Petrobrás, permitindo que a estatal conduza a operação do poço enquanto promove o desenvolvimento tecnológico e educacional. Dessa forma, o poço Candeias-1 não apenas preservaria seu legado histórico, mas também contribuiria para o fortalecimento da indústria nacional.

Ao celebrarmos os 83 anos do poço Candeias-1, recordamos os desafios enfrentados pelos pioneiros da exploração de petróleo no Brasil e reafirmamos a importância de defender o patrimônio público. Que o legado desse marco inspire novas gerações a lutar pela soberania energética e pelo desenvolvimento sustentável do país.

Comemoração nos 80 anos

Em 2021, quando o poço completou 80 anos, diversas atividades foram realizadas pelo Fórum Baiano em Defesa da Petrobrás, Petros e AMS. Entre elas, destacaram-se um ato de protesto em São Francisco do Conde, uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia e uma sessão especial na Câmara Municipal de Salvador. Esses eventos reforçaram o debate sobre a política de preços dos combustíveis, a exploração de petróleo e a saída da Petrobrás da Bahia.

Candeias 1: pela retomada imediata do símbolo da indústria do petróleo para a Bahia e para o Brasil.


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