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Por Lucas Borges*

O teletrabalho, um conceito que parecia ser uma opção menor antes da pandemia, tornou-se um modo de vida para milhões de pessoas ao redor do mundo. Com a situação global da Covid-19, o teletrabalho passou de ser uma alternativa temporária a uma nova normalidade. Agora, após anos de estudo, os pesquisadores demonstraram o que muitos suspeitávamos: trabalhar em casa pode nos fazer mais felizes.

Uma transformação impulsionada pela pandemia

Há quatro anos, quando a pandemia começou, muitos de nós tivemos que nos adaptar rapidamente ao trabalho remoto. No entanto, essa transição, forçada pela crise sanitária, deixou um legado interessante: uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores. Embora algumas pessoas inicialmente se sentissem sobrecarregadas pelas circunstâncias, os benefícios do teletrabalho começaram a se tornar mais evidentes, tanto para a saúde mental quanto física.

Pesquisadores da Universidade da Austrália Meridional realizaram um estudo exaustivo sobre como o teletrabalho impactava a vida das pessoas, começando sua pesquisa pouco antes da pandemia atingir. A surpresa veio quando, ao analisar os dados durante os primeiros meses de confinamento, descobriram que as pessoas que trabalhavam em casa experimentavam melhorias significativas em seu bem-estar geral.

A chave está no tempo ganho

Uma das conclusões mais destacadas do estudo é o tempo de transporte. Antes da pandemia, um trabalhador médio na Austrália gastava cerca de 4,5 horas semanais viajando para o trabalho. Esse tempo, embora muitas vezes subestimado, tem um impacto negativo na saúde mental e física das pessoas. O teletrabalho eliminou essa necessidade de deslocamento, o que permitiu aos funcionários dormirem melhor, dedicar mais tempo às suas famílias e realizar atividades que promovessem seu bem-estar.

O relatório também revelou que, ao contar com mais tempo livre, 33% dos entrevistados dedicavam esse tempo extra a atividades recreativas, o que lhes permitia ser mais ativos fisicamente. Essa flexibilidade também lhes dava a oportunidade de fazer pausas mais saudáveis, como caminhar ou fazer exercício.

Hábitos mais saudáveis e uma melhor alimentação

Um aspecto surpreendente que emergiu do estudo foi a alimentação. Ao estarem em casa, os trabalhadores tendiam a consumir mais alimentos frescos e preparados em casa, como frutas, verduras e produtos lácteos. Claro, a proximidade da cozinha também impulsionou um aumento nos lanches durante o dia, mas a qualidade da comida melhorou notavelmente.

O interessante aqui é que, embora o petisco possa ser visto como um ponto negativo, em geral observou-se uma mudança para hábitos alimentares mais equilibrados. As pessoas estavam cozinhando mais, o que não só é benéfico para a saúde, mas também é uma atividade que pode reduzir o estresse.

Produtividade e satisfação em aumento

Um dos argumentos mais comuns contra o teletrabalho é que a produtividade diminui quando os funcionários não estão sob supervisão constante. No entanto, os estudos realizados até o momento parecem demonstrar o contrário. De fato, muitas pessoas relatam um aumento em sua produtividade enquanto trabalham em casa, já que têm a liberdade de organizar sua jornada da maneira mais eficiente possível, sem as distrações típicas do escritório.

O estudo também assinala que, quando os funcionários se sentem apoiados por sua empresa, a produtividade aumenta significativamente. Esse aspecto é fundamental para as empresas que desejam manter suas equipes motivadas e engajadas. Além disso, o fato de poder trabalhar em casa melhora a satisfação profissional e reduz o esgotamento, o que se traduz em maior lealdade e rendimento.

O futuro do trabalho: flexibilidade e adaptabilidade

O teletrabalho demonstrou ser mais do que uma solução temporária; deixou claro que a flexibilidade é essencial para o bem-estar dos trabalhadores. No entanto, o estudo também assinala que o trabalho remoto não é uma solução universal. Nem todos os trabalhos podem ser realizados em casa, e nem todas as pessoas preferem esse modelo. Por isso, a chave está em oferecer opções adaptadas às necessidades individuais de cada funcionário.

O futuro do trabalho parece inclinar-se para um modelo híbrido, onde a flexibilidade e a adaptabilidade são as bases para um ambiente laboral mais inclusivo e equilibrado. As empresas que conseguirem integrar esse enfoque serão as que melhor se adaptarão aos tempos modernos, garantindo tanto o bem-estar de seus funcionários quanto o crescimento e a produtividade da organização.

Em conclusão, o teletrabalho não só foi uma resposta a uma crise mundial, mas também revelou como pequenas mudanças na forma de trabalhar podem ter um impacto profundo em nossa felicidade e bem-estar.

*Lucas Borges, graduado em Jornalismo e Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Ele é chefe de reportagem do portal da Itatiaia.

Fonte: Portal da Itatiaia.


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