Ziraldo desenhou um petroleiro estilizado que simbolizou a campanha em defesa do monopólio estatal do petróleo. Participou também da criação da marca BR Distribuidora.
Faleceu no último sábado (6), aos 91 anos, Ziraldo Alves Pinto. Cartunista, escritor, jornalista, poeta e dramaturgo, entre outras atividades, Ziraldo foi artista versátil e brilhante. Foi também fundador, em 1969, do tabloide O Pasquim, baluarte da resistência à ditadura militar, que chegou a tiragens da ordem de 200 mil exemplares e se tornou inspiração para cartunistas, jornalistas e humoristas. Mas o que une essa diversidade em torno de uma só pessoa é a coerência de uma vida inteira em prol da democracia e de um Brasil desenvolvido. A parte de sua premiada obra literária dedicada às crianças e ao estímulo à leitura talvez seja a maior prova disso.
Em defesa da Petrobrás
A AEPET presta aqui sua homenagem a este mineiro de Caratinga, não apenas por toda sua vasta obra, mas especialmente devido à importante participação na luta em defesa da Petrobrás, sobretudo após ser apresentado a outro grande jornalista, Barbosa Lima Sobrinho, pelas mãos de nosso diretor e ex-deputado federal Ricardo Maranhão.
“Ziraldo desenhou um petroleiro estilizado que simbolizou a campanha em defesa do monopólio estatal do petróleo. Foi ativo também na luta pelo fim dos contratos de risco para exploração de petróleo. Um bravo militante da democracia, sobretudo no Pasquim, fundado em 1969, que travou uma guerrilha com humor – ou “subversão do humor”, como Ziraldo definia o Pasquim – que o levou a ser preso mais de uma vez pelo aparato repressivo dos militares”, comenta Maranhão, observando que a casa de Ziraldo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, aglutinava uma legião de amigos, como Zuenir Ventura, Maurício de Sousa, Tarso de Castro, Henfil, Jaguar e muitos outros com quem trabalhou.
Por sua vez, Sylvio Massa, primeiro dirigente da BR Distribuidora, lembra que Ziraldo, inspirado nas definições do renomado designer Aloisio Magalhães, atuou na criação da logomarca da empresa, sendo o criador da primeira folhinha a ser distribuída para todos os caminhoneiros e consumidores da BR. “O símbolo comercial da BR Distribuidora por muitos anos representou e espelhou nossa nacionalidade”, resume Sylvio.
Rogerio Lessa, jornalismo AEPET