O economista deve voltar ao cargo sete anos depois da sua saída e das suspeitas de corrupção envolvendo investimentos no fundo de pensão
Nesta quarta-feira, 05 de julho, o Conselho Deliberativo da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, aprovou o economista Henrique Jäger para a presidência da instituição. Indicado pela nova gestão da estatal e nome de confiança da Diretoria Financeira da companhia, o próximo presidente da Petros ainda deve ser habilitado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
Se aprovado pela Previc, Jäger volta ao cargo que ocupou entre 2015 e 2016, indicado pelo então presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine. Nessa época, quando o economista comandava o fundo de pensão, a empresa entrou na mira da Lava-jato por suspeitas de irregularidades na gestão.
Em delação premiada, o doleiro Henrique Barbosa, preso em 2018 na operação Rizoma, revelou que participou de operações de investimentos com premissas otimistas da Petros no fundo FIP Bioenergia e em dois fundos do Banco Brasil Plural, quando o setor enfrentava grandes dificuldades.
Ainda na gestão de Jäger, surgiram questões de interferência política nas decisões de investimento do fundo, que foram negadas pelo economista à CPI dos Fundos de Pensão na Câmara, alegando ser petista, mas que nunca recebeu integrantes do partido com pedidos escusos. Na ocasião, confirmou que o déficit da Petros havia dobrado naquele ano de 2016, saindo de R$8,1 bilhões para R$16 bilhões sob justificativa de queda do valor das ações da carteira de investimento do fundo.
Oposição de participantes e assistidos da Petros
O nome de Jäger foi um dos primeiros a ser comentado para a presidência, logo no início do processo seletivo realizado pelo Conselho Deliberativo, em março, quando o contrato do ex-presidente, Bruno Dias, terminou.
Com a possível indicação do economista, surgiram opiniões contrárias dos que acreditam que ele seria o mais adequado para o cargo. Grupos de aposentados da Petros passaram a se posicionar contra ao o nome de Jäger, justificando que sua escolha iria de encontro a governança da entidade, uma vez que a Petrobrás, sob comando de Jean Paul Prates, estaria influenciando na decisão do Conselho.
Outros assistidos defenderam que a escolha deveria ter sido de uma pessoa do mercado sem vínculos políticos. Entretanto, os dirigentes que passaram pela Petros e tinham vínculo com o mercado, não avançaram em nada para a superação efetiva dos equacionamentos ou em pequenos avanços no NPP. Esses dirigentes do mercado acabam promovendo alterações para prejudicar os beneficiários da Petros, recebem abonos milionários e depois pedem demissão, deixando como presente um novo equacionamento. Eles consideram o patrimônio dos trabalhadores aposentados e pensionistas, um fundo de investimento, player de mercado.
Portanto, nem mercado, nem aparelhamento, a Petros deve ser dirigida de forma técnica, comprometida com a superação dos equacionamentos, cobrando as dívidas e buscando os meios para que a Petrobrás assuma suas responsabilidades e possamos reconstruir a dignidade dos participantes e assistidos. A Petros é dos trabalhadores ativos, aposentados e pensionistas.
Situação atual do fundo pensão
O principal desafio enfrentado pela Petros são os déficits financeiros. Na tentativa de reverter o quadro, os contribuintes cobrem o rombo nas contas por meio de contribuições extras. Os Planos de Equacionamentos que, todos os meses, geram não só descontos nos contracheques dos aposentados e assistidos pelo fundo, como também, em muitos casos, zeram esses contracheques, levando-os ao desespero. Por isso, os aposentados estão organizados e pedem o fim dos equacionamentos.
Além dos equacionamentos da Petros, é necessário garantir a sustentabilidade dos planos que a Petros administra, principalmente os PPSPs pré 70, PP2 e PP3.
Em 2022, a Petros encerrou o exercício com uma rentabilidade consolidada de 7,72%, apenas 1,93 ponto acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) que estava em 5,79%.
Mesmo diante de um cenário econômico desconfortável, em junho deste ano, quatro diretores da fundação receberam o pagamento de um abono de cerca de R$9,3 milhões por um suposto atingimento de metas entre 2021 e 2022. Metas essas criadas pelo Conselho Deliberativo da Petros e pelos próprios diretores.
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) entrou com pedido de liminar para bloqueio do pagamento, mas a Justiça do Rio de Janeiro suspendeu os efeitos da liminar ajuizada e o abono foi pago aos executivos que pediram demissão logo após a liberação do pagamento.