A privatização da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), localizada em Manaus (AM), tem causado sérios prejuízos à população da Região Norte. Segundo estudo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), divulgado neste mês e repercutido pelo Brasil de Fato, a Reman operou em 2024 com apenas 20,6% de sua capacidade, agravando o problema dos altos preços dos combustíveis na região.
A Reman foi vendida pela Petrobrás no final de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, ao grupo privado Atem. Desde então, a produção da refinaria despencou, e os consumidores passaram a pagar ainda mais caro pela gasolina, diesel e gás de cozinha. Em 2023, por exemplo, o preço do gás vendido pela Reman chegou a ser 71% mais caro do que o praticado por refinarias ainda controladas pela Petrobrás.
Atualmente, a gasolina na Região Norte custa, em média, R$ 6,60 por litro – acima da média nacional de R$ 6,22. O diesel chega a R$ 6,35 por litro, enquanto o preço médio no Brasil é R$ 5,96. Já o botijão de gás de 13 kg custa R$ 119 no Norte, ante R$ 108,50 no restante do país.
O Ineep alerta que essa escalada nos preços está diretamente ligada à redução da produção e ao monopólio privado estabelecido pela Atem, que além de operar a Reman com baixa capacidade, se tornou também a principal importadora de derivados da região. A importação de combustíveis no Amazonas subiu 130% entre 2022 e 2024 – uma dependência que contradiz a promessa de aumento da produção feita durante a privatização.
“O que aconteceu foi exatamente o que se temia: a refinaria não está refinando, virou um polo logístico da Atem, que dita os preços dos combustíveis para a população”, criticou o economista Mahatma dos Santos, diretor técnico do Ineep. A entidade defende a revogação da autorização de refino da Reman e a anulação da privatização, assim como já é reivindicado em ações populares.
A situação da Reman escancara os impactos negativos do desmonte da Petrobrás, promovido sob o argumento de aumentar a concorrência e beneficiar o consumidor – o que, na prática, não aconteceu. Pelo contrário, hoje a população paga mais caro por produtos essenciais e sofre com a desindustrialização da cadeia do petróleo.
O cenário é muito semelhante ao que vive a Bahia desde a privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), atual Refinaria de Mataripe, vendida à empresa Acelen em 2021. Após a entrega da RLAM, também se verificou queda na produção local e aumento dos preços de combustíveis e gás de cozinha. Assim como no Norte, a Bahia passou a depender mais da importação e viu a perda de protagonismo da Petrobrás no estado.
Diante disso, a AEPET-BA reforça a urgência da luta pela reestatização da RLAM e da Reman, como parte de um projeto nacional de reconstrução da Petrobrás pública, integrada e a serviço do povo brasileiro. O caminho é retomar essas refinarias para o controle estatal, garantindo abastecimento, preços justos e desenvolvimento regional.
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https://www.brasildefato.com.br/2024/06/19/refinaria-privatizada-reduz-producao-e-agrava-problema-do-preco-do-combustivel-no-norte