A Petrobrás, mais uma vez, demonstra a contradição entre seu discurso de diálogo com os trabalhadores e suas ações concretas. Em reunião com as federações (FUP e FNP) nesta sexta-feira (07/02), a empresa reafirmou sua postura intransigente, mantendo os retrocessos no regime de teletrabalho e alegando não ter autorização para negociar.
Sem apresentar qualquer avanço, a companhia solicitou um prazo de três semanas para responder se irá negociar coletivamente com a categoria. Essa estratégia evidencia a falta de habilidade da gestão, que adia a decisão enquanto milhares de trabalhadores e trabalhadoras seguem apreensivos quanto ao futuro de suas condições de trabalho.
Além disso, o prazo solicitado coincide com o período do Carnaval, gerando preocupação. Há o risco de que gerentes pressionem os trabalhadores a aderirem ao modelo imposto pela Petrobrás, com no mínimo três dias presenciais, sob a ameaça de perderem o direito ao teletrabalho caso não aceitem.
Diante desse impasse, com uma categoria mobilizada e cada vez mais insatisfeita, a possibilidade de uma greve se torna cada vez mais real.
Decisão da empresa impacta diretamente a vida dos trabalhadores
As mudanças unilaterais impostas pela Petrobrás não são meros ajustes administrativos, mas sim retrocessos que desestruturam a vida de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Além da imposição de mais um dia presencial por semana, a empresa estipulou um período de 18 meses de trabalho presencial para novos empregados – incluindo pessoas com deficiência (PCDs) –, dificultando ainda mais o acesso ao teletrabalho.
Essas alterações ignoram a realidade dos petroleiros e petroleiras, muitos dos quais foram transferidos para outros estados durante o programa de desinvestimentos no governo de Jair Bolsonaro.
Na Bahia, mobilizações já começaram e precisam se intensificar
A gestão da Petrobrás subestima a crescente mobilização dos trabalhadores do administrativo, que já demonstraram disposição para resistir às mudanças. Desde o primeiro ato realizado em 14/01, no EDISEN, no Rio de Janeiro, com a presença de mais de 1.500 pessoas, a mobilização só aumenta.
Na Bahia, os petroleiros e petroleiras do setor administrativo também estão na linha de frente dessa luta. Nos dias 22/01 e 04/02, trabalhadores e trabalhadoras se reuniram na entrada do Torre Pituba e paralisaram as atividades das 6h às 10h, em um forte protesto contra a imposição unilateral da Petrobrás. Além disso, em 30/01, uma assembleia geral deliberou pelo estado de greve, deixando claro que a categoria não aceitará passivamente esse ataque aos seus direitos.
A AEPET-BA tem participado ativamente dessas mobilizações, contribuindo para a organização da categoria e promovendo debates sobre o tema. Um dos exemplos foi um bate-papo com grande adesão dos trabalhadores, reforçando a necessidade de unidade e resistência.
Nas reuniões com a FUP e a FNP, as federações reiteraram sua posição contrária à imposição de regras individuais e exigiram que a Petrobrás suspenda a implementação de qualquer termo de adesão até que a negociação coletiva seja efetivada.
O momento exige ampliar as mobilizações e intensificar a pressão sobre a empresa. A categoria deve se manter atenta ao calendário de novas ações para garantir a suspensão das mudanças e a inclusão imediata do regramento do teletrabalho no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).