Compondo as atividades de rememoração dos 60 anos do golpe militar de 1964, a Marcha do Silêncio, no dia 1º de abril, tem saída às 16 horas, da Praça da Piedade em direção ao monumento aos mortos e desaparecidos da ditadura militar, no Campo da Pólvora. A caminhada deve reunir os parentes, amigos e companheiros dos 32 baianos desaparecidos durante a ditadura, com cartazes, fotos, tochas e cruzes, marchando em silêncio.
Em sua quinta edição, o ato vai distribuir panfletos explicando os motivos da manifestação e exigindo respostas do governo. A marcha em Salvador teve sua primeira edição em 2018, a segunda em 2019, foi suspensa pela pandemia
em 2020 e 2021, sendo retomada em 2022 e 2023.
De acordo com o professor e sociólogo Joviniano Neto, a Marcha do Silêncio é inspirada por evento semelhante iniciado no Uruguai, que junto com Brasil, Argentina e Chile, viveram a repressão e a violência de uma ditadura militar, traduzida em prisões arbitrárias, tortura, assassinatos e desaparecimento dos corpos das vítimas da repressão a opositores da extrema direita. A marcha uruguaia é realizada há 29 anos, a cada 20 de maio, sob a liderança incansável e inflexível da Associação de Mães e Familiares de Uruguaios Detidos e Desaparecidos, entre muitas organizações, movimentos e personalidades que a apoiam.
A AEPET-BA entende como crucial a defesa da democracia, que é um valor tão relevante que consta no estatuto da entidade. Ainda mais relevante que apenas mais um decênio do golpe perpetrado contra o povo em 1964, é termos a consciência de que depois do golpe institucional contra a presidenta Dilma Rousseff, por muito pouco outro golpe não foi perpetrado e poderíamos estarmos exatamente nesse instante ou no exílio ou nos porões sendo torturados ou silenciados.
A trama golpista revelada pelos generais, recentemente, deve dar a cada brasileiro a devida dimensão do risco em ter um novo período de trevas com os militares no poder. É um alerta para a defesa incondicional e vigorosa da democracia aprofundando e dando a ela a dimensão material.
A marcha do silêncio é um modo de respeitarmos a dor dos familiares dos mortos e desaparecidos da ditadura de 1964, respeitar a dor de cada família, mas precisamos manter o estado de vigilância para que nunca mais se repita.
Na Bahia, a marcha é organizada pelo Grupo Tortura Nunca Mais e conta com o apoio do Fórum Baiano em Defesa da Petrobrás, Petros e AMS integrado pela Abraspet, AEPET-BA, Sindipetro-Bahia, ASTAPE e CEPEs