Após um mês de mobilizações, professores e técnicos-administrativos das instituições federais de ensino no Brasil continuam em greve, sem que um acordo seja alcançado com o governo. O movimento, que já conta com a adesão de 47 instituições de ensino, incluindo universidades, institutos e centros federais, demonstra a insatisfação das categorias em relação às condições de trabalho e às políticas salariais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou seu descontentamento com as greves, em entrevista no programa “Bom Dia, Presidente”, da EBC, junto aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), na manhã da terça-feira, 7 de maio. Lula afirmou que não lhe “encanta” ver parte da educação paralisada.
O presidente ressaltou a importância da negociação rápida e destacou a restrição orçamentária do governo. O presidente afirmou ainda que o ministro da Educação, Camilo Santana, está empenhado em buscar uma solução para o impasse, assim como a ministra da Gestão, Esther Dweck, que estaria elaborando uma nova proposta aos sindicatos.
As categorias receberam uma proposta do governo federal, que incluía um plano de reestruturação das carreiras técnico-administrativas em educação e dos docentes, além de um reajuste salarial. A oferta contemplava um aumento de 9% a partir de janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026, somado ao reajuste de 9% concedido no ano anterior. No entanto, as entidades representativas rejeitaram a proposta, exigindo um novo reajuste de 22% até 2026, com parcelas de 7,3% ao ano.
Situação na Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Os professores da UFBA oficializaram a greve por tempo indeterminado no final de abril, se juntando aos servidores técnicos-administrativos, durante uma assembleia que também estabeleceu a criação de um Comando de Greve. Entre as reivindicações da categoria, além do reajuste salarial para 2024, a reestruturação das carreiras e a recomposição orçamentária da universidade. A UFBA reconheceu o direito de greve e a legitimidade da luta dos trabalhadores, conforme comunicado da Associação dos Professores Universitários da Bahia (Apub).
Em um artigo intitulado “A greve dos professores nas universidades federais é necessária? SIM”, a professora Patrícia Valim, do Departamento de História da UFBA, apresenta um ponto de vista sobre a greve como mecanismo de luta da classe trabalhadora na preservação e conquista de direitos.
Patrícia Valim argumenta que a greve dos professores e dos técnicos-administrativos é justificada diante do impasse nas negociações com o governo. A professora critica a proposta de reajuste salarial insuficiente apresentada pelo governo, que não contempla as necessidades e demandas das categorias. Além disso, destaca a importância da mobilização para disputar o orçamento e garantir investimentos mínimos em áreas sociais, evitando retrocessos e ameaças aos direitos conquistados.
Confira o artigo na íntegra: A greve dos professores nas universidades federais é necessária? SIM
AEPET-BA apoia greve da UFBA
A entidade manifesta solidariedade e apoio aos servidores das instituições federais em greve, além de parabenizar por lutar com autonomia e independência em relação ao governo. A UFBA foi fundamental no enfrentamento aos governos Temer e Bolsonaro, combatendo as trevas do obscurantismo e negacionismo dos bolsonaristas.
A organização da luta coletiva é fundamental para o campo democrático e a sociedade nessa disputa com o governo federal. Boa parte das fragilidades de enfrentar o bloco autoritário no Congresso, o “Centrão”, é a incapacidade de alguns setores que acabam subordinando a luta das categorias e dos movimentos sociais as decisões do governo.
“A organização dos trabalhadores e trabalhadoras, estudantes e oprimidos é a melhor saída, junto com isso contribuir para criar uma consciência crítica na população e, com isso, derrotar não apenas o bolsonarismo, mas sua política e métodos”, afirma o presidente da AEPET-BA, Marcos André.
A AEPET-BA parabeniza servidores e professores das instituições federais de ensino pela greve. Lutar por mais verbas para a universidade é lutar por menos recursos para o fisiologismo grotesco. Quando a luta por educação fragiliza um governo é porque se opõe a educação de qualidade, democrática e plural.