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Bolsonaro demite o general, Joaquim Silva e Luna, e indica Adriano Pires para assumir a presidência da Petrobrás. O novo gestor é um duro crítico da Companhia, alinhado com os interesses entreguistas e privatistas do governo, devendo seguir com a mesma política aplicada de aumentos dos preços dos combustíveis

Mais uma vez o desgoverno Bolsonaro interfere na Petrobrás. Na noite desta segunda-feira (28), o Ministério de Minas e Energia anunciou nova mudança na presidência da companhia, confirmando a expectativa dos bastidores que já previam essa troca, por puro interesse político. Cai Joaquim Silva e Luna e entra Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Lembrando que ambos foram indicações de Bolsonaro.

Nos últimos dias, a grande mídia vinha explorando a saída de Silva e Luna no comando da Petrobrás, depois das severas e seguidas críticas feitas por Bolsonaro à política de preços da empresa. Mas, sabemos que isso é puro jogo político por parte dele, estratégia adotada em pleno ano eleitoral, tentando limpar a imagem, fazendo média com seus seguidores. Sabemos que a realidade é bem diferente.

Bolsonaro, dá de bom moço e defensor do povo quando critica as ações dos gestores da Petrobrás, mas é tudo da boca para fora. O que ele não muda – e nem tem coragem de fazer isso, é modificar a política de preços da Petrobrás (PPI), que foi implementada durante o governo Temer. A estatal atrela o preço dos combustíveis ao custo do barril em dólar americano, favorecendo o mercado internacional e os acionistas da empresa, sendo que o Real brasileiro segue sendo desvalorizado pelo atual governo. O mais grave, o Brasil é produtor de petróleo e obteve autossuficiência com a descoberta do pré-sal.

O PPI prejudica toda a cadeia econômica, envolvendo: frete, preço dos alimentos, o custo do gás de cozinha etc. Nessa atual política de preços, a gasolina já subiu 82,4%. O diesel, 93,2%, e o gás de cozinha, 85%. Três anos depois da tal promessa feita por Bolsonaro (litro da gasolina a “no máximo” R$ 2,50), o consumidor está pagando R$ 6,683, de acordo com levantamento da ANP – Agência Nacional de Petróleo. Portanto, no desgoverno de Jair, o aumento total foi de 56,5%.

Já o litro do diesel teve alta ainda maior, de 69,1%. Subiu de R$ 3,437, no início do mandato, para 5,814, atualmente. O botijão de gás de 13 quilos, que está presente na maioria das casas brasileiras – sobretudo na população de baixa/média renda, saltou de R$ 69,26 para R$ 102,42, aumento de 47,8%. Lembrando que o prometido naquele panfleto eleitoreiro de 2018 era custo de no máximo R$ 35,00, ou seja, está custando quase o triplo do valor “prometido”. Nesse intervalo, a inflação geral medida pelo IPCA (IBGE) ficou em 21,86%. Ou seja, os aumentos da gasolina superam em 158,46% (quase 2,6 vezes) a já elevada inflação oficial.

Em mais uma falácia, o governo Bolsonaro e as direções da Petrobrás, tanto a atual como a anterior, diziam que o aumento da concorrência no setor – com as privatizações dos braços da estatal, beneficiaria o consumidor final.

O caso da antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM), vendida pela Petrobrás ao grupo árabe Mubadala e administrada pela Acelen, faz cair por terra esse argumento. Só em 2022 foram seis aumentos no preço dos combustíveis, sendo duas somente em março. Assim o preço da gasolina é 27,4% mais caro do que o praticado pela Petrobrás, o qual reajustou os valores duas vezes neste ano. No diesel S-10, a diferença é ainda maior, chegando a 28,2%.

Quem é o novo presidente?

Adriano Pires já atuou como Assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de ter exercido os cargos de Superintendente de Abastecimento, de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural no órgão, durante o desgoverno Bolsonaro.

Por incrível que pareça, Adriano é um duro crítico da companhia. “É preciso tirar a Petrobrás do palanque político, respeitar o acionista e os verdadeiros interesses do povo brasileiro. Caso contrário, vai parecer que o projeto do governo é transformar a nossa Petrobrás numa PDVSA [a ‘Petrobrás’ da Venezuela], o que é ruim para todos”, escreveu Pires, em 2014, num artigo publicado no jornal Estadão.

O novo presidente da Petrobrás está alinhado à política ultraliberal de Bolsonaro e o Ministro da Economia – Paulo Guedes, com o poder do estado cada vez mais reduzido e aumentando a barganha dos interesses privados, ou seja, um estilo entreguista, não muito diferente dos outros presidentes da estatal indicados por Temer e Bolsonaro. 

Pelo seu perfil, Pires não deve trabalhar para mudar a política de preço da Petrobrás (PPI), o que significa que a população brasileira seguirá pagando cada vez mais caro pelos combustíveis, pelo gás de cozinha e toda cadeia econômica, pois a gasolina está na base da nossa economia. Ou seja, Adriano defende manter a política de preços da estatal, protegendo o interesse dos acionistas, em detrimento do sofrimento do povo e do sucateamento da Petrobrás.

Em artigo publicado em outubro de 2021 no site Poder 360, Pires afirma que para conter a disparada do petróleo, deveria usar o dinheiro público para amenizar alta de preços ao consumidor. Em resumo, nada de diferente será feito na Petrobrás, só a continuidade daquilo que não deu e nem vem dando certo. Enquanto isso, o trabalhador tem que se virar como pode para levar alimento, se locomover, trabalhar e sobreviver com os altos custos causados pelos aumentos dos combustíveis.

Pires, deve assumir a Petrobrás após assembleia de acionistas no dia 13 de abril. Além dele, será feita a nomeação de Rodolfo Landim para o exercício do Conselho da estatal. Rodolfo é o atual presidente do time de futebol Flamengo, amigo e um desejo antigo de Bolsonaro.

 

 


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