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Comemorada no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra busca reconhecer e valorizar a luta, a cultura, a resistência e a contribuição dos negros e negras para o Brasil, além de colocar em pauta a herança de sofrimento que a população negra vive até hoje.

A data comemorativa foi formalizada nacionalmente há 20 anos, em 2003. De lá até aqui é possível observar muitos avanços, alguns retrocessos e, ainda, a permanência do racismo em diversas esferas da sociedade. Nesse quesito, os dados e as histórias escancaram como preconceito racial continua enraizado no país:

— Segundo o Atlas da Violência, em 2020, 68% das mulheres assassinadas naquele ano eram negras. Dados do mesmo levantamento também apontam que 78% das vítimas de homicídio são pessoas negras;

— A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que negros ganham apenas 40% que brancos no mesmo cargo;

— De acordo com levantamento da organização Criola, mais de 50% das vítimas de estupro no Rio de Janeiro são mulheres negras;

G1: ‘Disse que eu era preto, que não iria chegar a lugar nenhum’, diz vítima de racismo em lanchonete;

CNN Brasil: Mulher negra filma ataque racista em posto de Salvador: “Odeio preto, não suporto”;

Esses são apenas alguns exemplos da realidade do Brasil que prega uma democracia racial, onde o Estado brasileiro supostamente garante a igualdade e equidade a todos os indivíduos, independentemente da cor da pele ou da raça, gênero, origem e classe social. Garante onde e a quem? Já vimos e continuamos vendo a discriminação e a desigualdade racial, enquanto o Estado pouco se faz para assegurar que o país, com a maior população negra fora da África e a segunda maior do planeta, não seja um país racista. É preciso mudar esse cenário e pequenas ações são contribuições gigantescas para o movimento.

 

 A luta pela igualdade

O racismo estrutural ainda é e, provavelmente, será uma marca da sociedade brasileira por muitos anos, uma sociedade construída sobre a escravização de seres humanos por mais de 300 anos e que depois da proibição legal de escravizar fez grandes esforços governamentais de promover a eugenia social aplicando a exclusão intencional como meio de embranquecimento.

Na agudização da crise do capital, a necropolítica, instrumento do ultraliberalismo, é utilizada como meio de eliminação epistémica e física do povo da diáspora africana, seja pelo aprisionamento em massa, seja pela letalidade policial.

Neste novembro negro construir uma consciência humana é a resposta hipócrita dos que não querem reconhecer a farsa da democracia racial, se vê ameaçado pela luta do povo negro por igualdade de oportunidade e busca deslegitimar as lutas contra o racismo.

A luta por igualdade material e formal, para negros e negras, mulheres e homens e para as orientações sexuais não binarias, não pertencem apenas aos grupos historicamente discriminados e marginalizados, mas as toda a sociedade, respeitando-sempre o protagonismo. A luta por uma sociedade livre do racismo é uma luta que deve unir não apenas negros e negras, mas todos e todas que lutam por um mundo de paz igualdade e fraternidade, não bastando não ser racista, é necessário ser antirracismo.

 

Salvador Capital Afro

Diferente de alguns anos atrás, o mês de novembro agora ganha programações especiais em diversas cidades que estabelecem a luta como pauta, exaltando a cultura negra e validando a presença do povo preto. Salvador está na lista dos locais que irão receber festivais, shows, debates e outros eventos voltados para a Consciência Negra e para as questões raciais.

Confira a programação completa do Salvador Capital Afro:

— 10 e 11 de novembro – Candyall e Tal

Projeto que acontece anualmente no bairro do Candeal, realizado pelo projeto Pracatum, e que ocupa a localidade com apresentações musicais, oficinas de percussão, entre outras demonstrações culturais.

— 11 de novembro – Show de Larissa Luz no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho

— 17 de novembro – Everyday People

— 18 e 19 de novembro – Festival Afropunk

Maior festival de cultura negra do mundo, será realizado novamente em Salvador e homenageará Alcione. O evento reunirá artistas de música negra, como Iza, BaianaSystem, Majur, Olodum, O Kannalha, entre outros.

— 20 de novembro – Caminhada da Liberdade

Organizado pelo Fórum das Entidades Negras da Bahia, a tradicional caminhada ocorre todos os anos no Dia Nacional da Consciência Negra, exalta a importância da luta das pessoas negras e terá o apoio da Prefeitura de Salvador.

— 20 e 21 de novembro – Festival Afrofuturismo Vale do Dendê

Festival realizado pela incubadora de startups baiana Vale do Dendê, vai reunir especialistas negros em tecnologia e inovação de todo o Brasil, para compartilhar as suas experiências com a comunidade jovem de Salvador.

— 21 a 25 de novembro – Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil

Maior festival de cinema negro do país, o evento vai trazer convidados internacionais para compartilharem a sua vivência na cadeia produtiva do audiovisual com os produtores da capital baiana.

— 22 a 24 de novembro – Festival Salvador Capital Afro

Festival de empreendedorismo, de negócios, de música e de economia criativa focado no público negro, que é realizado com o apoio da Prefeitura de Salvador.

— 24 a 26 de novembro – Expo Carnaval

Exposição para falar sobre a cadeia produtiva e econômica do Carnaval, neste ano será focado na cultura negra de Salvador, reúne artistas, dirigentes culturais, produtores e outras personalidades da área.

— 25 de novembro – Afro Fashion Day

Desfile de moda abraçando estilistas negros, focado na promoção da autoestima da população negra de Salvador.

— 25 de novembro – Desfile Mundo Negro

Projeto inédito da Prefeitura de Salvador, será um desfile de blocos Afro e de afoxé que vai ocupar as ruas do Pelourinho e do Centro da cidade, como ocorre no carnaval.

— 25 de novembro – Dia Nacional da Baiana de Acarajé

Data para celebrar e debater melhorias para esse ofício, com homenagens e distribuição de kits com tabuleiro, ombrelone e outros materiais.

— 25 de novembro – Trace Fest – Doca 1

— 25 de novembro – Acervo da Laje – Exposição Dona Antônia

— 26 de novembro – Caminhada do Samba

O tradicional evento dos blocos de samba, que se apresenta no final de novembro, será incorporado ao calendário do Novembro Salvador Capital Afro.

— 30 de novembro – Scream Festival

Festival de inovação e criatividade que ocorre tradicionalmente na cidade, desta vez terá também um enfoque no público negro e nas suas potencialidades.


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