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O Rio Grande do Sul está vivendo uma das piores crises humanitária em décadas. As fortes chuvas que atingiram o estado atingiram 414 dos 497 municípios e causaram dezenas de mortes. O desastre climático ainda afetou o fornecimento de água tratada e de energia elétrica em centenas de milhares de imóveis. Já são 1,4 milhão de pessoas afetadas pela tragédia.

Segundo boletim da Defesa Civil, divulgado nesta quarta-feira (08/05), o número de vítimas fatais decorrentes das enchentes já chegou a 95. O estado também registra 128 desaparecidos, 372 feridos, mais 158.992 desalojados e 66.434 pessoas em abrigos.

Povos indígenas, de terreiros e quilombos urbanos também sofrem com as inundações. Segundo a Funai, 148 famílias estão ilhadas na Terra Indígena Rio da Várzea, no município de Liberato Salzano. O Ministério dos Povos Indígenas informa que vem trabalhando para resgatar as famílias. O Rio Grande do Sul tem mais de 7 mil famílias quilombolas, 344 famílias ciganas e cerca de 1.300 famílias de comunidades tradicionais de matriz africana e terreiros. Só em Porto Alegre, são 11 quilombos urbanos, entre eles o Areal da Baronesa, certificado pela Fundação Palmares em 2002.

A tragédia atual revela as consequências diretas do desmonte ambiental promovido pelo governo estadual em 2019, liderado pelo então Eduardo Leite. Segundo reportagem do Brasil de Fato, naquele ano, Leite promoveu alterações significativas no Código Ambiental do Rio Grande do Sul, fragilizando medidas de proteção e flexibilizando o licenciamento ambiental em favor de interesses empresariais. É o que aponta a matéria publicada pelo Jornal Brasil de Fato.

O Código Ambiental foi drasticamente modificado, com 480 pontos da lei alterados ou suprimidos. Essa ação foi criticada pelos ambientalistas e especialistas, que alertam para os riscos iminentes de degradação e desastres naturais resultantes da flexibilização das normas. A tragédia das enchentes confirma a fragilidade das medidas adotadas e falta de preparo para lidar com eventos extremos.

 

Saiba mais: Eduardo Leite cortou ou alterou quase 500 pontos do Código Ambiental do RS em 2019

 

Impactos das enchentes

 

As enchentes afetaram o abastecimento de água, com 649 mil clientes da Corsan sem acesso à água potável. Embora o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) tenha conseguido religar a Estação de Tratamento de Água (ETA) São João em Porto Alegre, outras quatro estações estão fora de operação, comprometendo o acesso à água em diversos pontos do estado.

Com 451 mil pontos sem luz em todo o estado, a energia elétrica é um dos bens escassos no atual momento para milhares de gaúchos. Na área de concessão da CEEE Equatorial, 206 mil imóveis estão às escuras, enquanto a RGE Sul contabiliza 245 mil residências afetadas. A interrupção do fornecimento de energia não apenas dificulta as atividades diárias, mas também representa um perigo para a segurança e o conforto das famílias atingidas.

A falta de serviços de telefonia e internet agrava a situação, dificultando o contato das pessoas que estão ilhadas, precisando de resgate. Para mitigar os impactos, as operadoras disponibilizam pacotes de internet grátis.

A educação também sofre os efeitos das enchentes. Segundo o governo do RS, 790 escolas de 216 municípios foram afetadas. Dessas, 388 foram danificadas, 52 estão servindo de abrigo e muitas enfrentam problemas de transporte e acesso, impactando diretamente 273 mil estudantes que têm suas rotinas escolares interrompidas.

Dificultando o deslocamento e o acesso a áreas afetadas, as rodovias estaduais registram bloqueios totais e parciais em 95 trechos. O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas, devido aos alagamentos que comprometem as áreas de espera, circulação e até pouso de aeronaves.

 

Estado de calamidade e solidariedade nacional

 

Diante da dimensão da crise, o governo decretou estado de calamidade, reconhecido também pelo Governo Federal, permitindo a solicitação de recursos para ações de defesa civil.

Para amenizar os efeitos da tragédia, uma rede de solidariedade se formou em todo o país. Organizações sociais, entidades públicas e universidades estão mobilizando esforços para arrecadar recursos e prestar assistências às vítimas. Os itens mais urgentes são colchões, água, fronhas, roupas e calçados infantis, produtos de higiene e limpeza. Além disso, os animais gaúchos também estão necessitados de ração e guias.

O pix oficial ‘SOS Rio Grande do Sul’ continua ativo e apto a receber contribuições de pessoas físicas e jurídicas. “O CNPJ (92.958.800/0001-38) é a chave utilizada no Pix da conta do Banco do Estado do Rio Grande do Sul”, destaca a Defesa Civil.

Rompendo o limite do estado, a ajuda vem de todos os lugares, como da Bahia. O Governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT) já enviou profissionais para auxiliar nas buscas e assistência aos moradores, como o Corpo de Bombeiros. Em Salvador, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), se comprometeu a arrecadar donativos ou ajudar de outra forma.

Diversos pontos de arrecadação estão mobilizados para coletar e enviar os itens necessários às vítimas das enchentes. Conheça alguns dos locais que estão recebendo doações em Salvador:

Agências dos Correios na Bahia. Mais informações podem ser obtidas pelo 0800 725 0100.

Ong Seja Semente (Arrecadações nas unidades Caminho das Árvores, Stella Mares e Armação.)

Rede Baloon – Rua Ceará, 1245 – Pituba

MDV Representações – Rua Alceu Amoroso Lima, 172, sala 1113, Caminhos das Árvores

Beiju Mix Café – Salvador Norte Shopping;

Loja do Bahia – Shopping Paralela

Unijorge – Campus Paralela, no Açaí e Saúde.


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